sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Atravesse

Olhe através de mim, atravesse seu olhar, veja meus cabelos, meu sorriso, minhas pernas, mas, atravesse seu olhar. Vá além disso, vá além do que todo mundo vê.
Olhe além do seu espelho, das cores e formas definidas. Atravesse a ponte, olhe a claridade da transparência, a água cristalina que tenho jorrando em minha fonte. Tente ver aquilo que cultivo, que perfuma a minha vida. Atravesse seu olhar, veja as gotas de orvalho que escorrem das rosas amarelas que desabrocham na alvorada. Perceba meus erros, as flores despetaladas que ainda sobrevivem, apesar do sol que queimou por meu descuido.
Olhe por cima dos ombros, olhe para cima, olhe para o além e além dos meus olhos. Abra as janelas, atravesse, tente entender o que construi e conquistei. Direcione seus sentidos, seus segundos e perceba que há no céu, nas estrelas e no sol. Atravesse seu olhar e atreva-se a ver o que vive e existe, puro e cristalizado, em quartzos, em quartos e inteiro. Atravesse a via e não estacione no que está visível, atreva-se!

Finalizando agosto, com gosto de palavras saborosas que cozinham em meus pensamentos..

Arquétipo Amigo

Arquétipo Amigo

Não são necessárias explicações, cobranças de tempo e presença, pois o Amor é um rio que flui.
Caminho ao seu lado, sem pressa, de mãos abertas.
Alegro com tuas conquistas como minhas, como tuas minhas tristezas são.
Não há necessidade de ter e nem fazer, a única coisa há acontecer é o  Ser.
Poucas coisas estão abertas e disponíveis como meu coração e teus ouvidos. Poucas coisas são pedidas, além de um café sem pretensão, um ombro sem julgamentos, palavras que orientam sem preceitos.
Esse amor existe, empatia, há motivos para seguir, sei que estará em par, que entende minha posição e opinião Não tem como partir e repartir o mesmo cerne que habitamos, criamos uma egrégora que alimenta nossos sonhos e alegra a realidade.
Te chamei de vários nomes, mas amigo é o que me conforta. Aline Barcelos

domingo, 3 de junho de 2018

Vontade de soltar o grito de berrar ao mundo surdo,
 de fones e de fomes, berrar até me ensurdecer de ouvir a minha própria expressão.
Uivar a criatividade engolida, proibida, mal vista ,dizer aos quatro ventos que o que o coração têm, que tem mais força que a razão, que o não, que o pecado, que o dinheiro, que o Zé dos padrões, que qualquer julgamento..
Julgamento de corpo,de ideias e ideais, sem verdades e sem vaidades, sem realidades reais.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

No ballet do Universo

O universo em um ballet me compassa em sentido certeiro, sem devaneio, sem destino e em desatino.
O universo rodopia sua saia sem que fique tonta. As vezes, não  o acompanho, pois o metrônomo em allegro dos meus desejos se descompassa.
Mas, na valsa dois pra cá e um pra lá, ele me coloca no adágio do pulsar de seu coração ritmado.
Me estaciona em frente a nebulosa, as estrelas e majestosa lua para acalmar a luta da mente e coloca o coração na cauda do cometa e pede para se entregar na viagem do mundo sem forma, sem lógica e sem tempo. Rumo ao vácuo, ao om e a fé de que tudo é como é, e não como a mente quer.

saudades

Quem me dera a saudade ser apenas uma palavra, unicamente uma expressão passageira de um trem vindo da nostalgia. Mas, ela é uma serpente de vários pés que pisa no meu presente, com dedos apontados pro meu coração dizendo "você não vai esquecer porque eu não vou deixar".
Enquanto choro ela ri, ri alto e ensurdece minha mente. Tampos os ouvidos, mas o grito e a zombaria vem de dentro, e não há filtro e nem janela anti ruído que possa brecar seus gritos. Não bastando a mente atormentar, vem no coração e dá um beliscão, uma fisgada e me deixa sem ar. Me paralisa perdida em um espaço tempo, tão longe do agora. Me perco no labirinto dos meus desejos tão antigos de querer você aqui.
A arapuca para ela é instalada, abro um pano cheio de ocupações vazias, e chama ela para comer, e a coloco amarrada em um saco, envolto com cordas e nós, e tiro teu ar.. finjo não dar importância e lhe jogo no porão, na esperança de sufocá-la e ela morrer. Até mantenho uma distância, respiro pseudo aliviada. Em passos silenciosos, melancólicos, em luto cheios de vazios, seguindo escuto gritos abafados. E não são gritos dela dessa vez, dessa vez são gritos meus. Grito por ela, grito por mim, não sei se ela me alimenta da sua presença ou eu me nutro das recordações que ela me traz.
Disfarço, ainda envergonhada, desfaço os nós que amarram o peito, e desfaço o sufoco com choro represado. Abraço a saudade de volta, que ri de mim, e peço que fique mesmo assim, trazendo em sua distância, a tua presença.


Aline Barcelos 11.04.18

terça-feira, 6 de março de 2018

in-lucidez

Poesia encarna na minha pele,
traz emoções antigas e tão presentes.
 Escorrem pelos pelos , pelas pernas e aguam os olhos.
Poesia suam as mãos como vulcão e em revelação,
e não deixa pensar,
vai tropeçando na lógica,
na realidade e traz fantasia.
Por entre a carne faz viajar além do espaço tempo,
trazendo a mentira como companhia,
Ilusão que refaz o toque, o cheiro, o gosto, a loucura.
Pena ser breve, o piscar dos olhos,  fecham as janelas
da recordação, do coração e o farol abre..
acelero....
a vida segue...

3 de março 2018

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Era amor, amavam na lua, no corpo, na alma. Se amavam nas estrelas, na carona de um cometa, amaram e foram um, tão um que não somou. O tempo carregou cada um, pernas se fez, para a vida seguir. Mas, o fio ficou, levando até as alturas, na loucura, nos sonhos, até a saudade, onde lá se encontram e se amam, ainda se tem. Somam quando podem e somem quando querem..

Aline Barcelos