Por dentro um mar, às
vezes sereno, às vezes revolto..
Muitas vezes distante
do continente, querendo descobrir de qual tribo pertence..
Quando presente na
Terra, penso que mundo certo é esse? Prefiro viver em meu presente interior, na
minha tribo que acredito encontrar em algum lugar. Pessoas que valorizam o
primitivo, que valorizem o principio, o tudo, o todo.
Platônica? Ideias?
Ideal? Talvez queira apenas bancar a minha liberdade, valorizar os sentidos, os
desejos, a intuição, o simples, o meu real.
Sou de uma tribo que
chora ao ver um ipê forrando a calçada de amarelo, de pensar em um amor como no
quando, O Beijo, de Klimt. Que fica nervosa, e ansiosa e sente apertada e
aliviada ao colocar os pés na terra. De uma tribo que consegue sentir o cheiro
da manhã, e adora acordar cedo para isso.
Me sinto fora desse
mundo correto, dessa tela quadrada, dessa falta de movimento corporal. Onde a
vida é a mente, não se sente, não se toca, não se enxerga. Mundo dito normal,
sem cor, sem sal, cheirando a sangue e suor por nada.
Minha tribo se
revolta contra esse mundo real, quer mais animal, mais planta e sol. Amor
perfeito pelas janelas, Maria sem vergonhas nas praças colorindo os canteiros,
ou zombando dos casais mudos. Tribalistas que querem mais é mangueiras,
figueiras nas ruas. Que acreditam nos Deuses presentes em cada gota de chuva,
em cada querido assovio do vento no ouvido.
Quando esse povo que
se diz sócio olham para mim, me vem assim, como uma criança que parece que não
tem apreço pelo mundo sério. Que quer brincar e sorrir com tudo. Sou assim sim,
prefiro assim, levar a vida mais à toa, mais louca, mais feliz.Valorizo meus
sentimentos, minha raiva, a dor, tudo que em mim passa. Me dou o direito de
sentir isso. Só reconhecendo cada fato, sentimento, me faço plena.
E é nessa caminhada,
querendo ver flores, verde e cores é que talvez que quem sabe eu encontre mais
gente da minha tribo por ai, também aqui, na Terra, no real,não só no mundo meu
mundo e no mundo Platão.